A relação peculiar entre restaurantes e vinho

A peculiar relação entre restaurantes e vinho

Na gastronomia, se o que vamos comer é importante, o que vamos beber não é menos importante. O vinho realça os sabores dos alimentos e qualquer prato que provamos será amplificado se o emparelhamos com o vinho certo. Apesar disso, no nosso país, o mundo dos restaurantes e do vinho tem uma relação curiosa, uma vez que não é fácil comer e beber bem no mesmo restaurante. Que ninguém se assuste, porque, felizmente, existem lugares suficientes para o casamento de comida e bebida para ter um final feliz. Apesar disso, acredito que a indústria da restauração precisa de melhorar a sua relação com o mundo do vinho, para que cada vez mais restaurantes nos permitam desfrutar deste par. Aqui vou eu com as diferenças conjugais.

As listas de vinhos são um dos grandes problemas da indústria da restauração, geralmente causado pela falta de conhecimento dos restauradores sobre o mundo do vinho.  As pessoas tendem a pensar que o bom vinho é proibitivamente caro, algo que é absolutamente falso. Ter uma boa carta de vinhos não é complicado nem dispendioso. Há garrafas de vinho de todo o mundo que cumprem a filosofia do terroir e o seu preço é tão barato como o do vinho comercial, pelo que não é irrazoável tê-las em qualquer restaurante.

O preço do vinho é outro problema que sangra. Muitos restaurantes, mas não todos, multiplicam o preço das garrafas por três, quatro ou mesmo sete vezes, como eu já vi. O custo de abrir uma garrafa e de a verter num copo é o mesmo, independentemente da garrafa encomendada. Ao contrário dos pratos que foram cozinhados no restaurante, as garrafas foram compradas, mas alguns restauradores brincam com elas como se tivessem feito o vinho. É claro que os restaurantes devem fazer um lucro industrial ao servir as garrafas, mas também acredito que deve haver mais proporcionalidade.

Outra questão de vital importância é a dos óculos. O vinho pode ser bebido num copo, é claro, mas não há dúvida de que desenvolve todas as suas qualidades num copo. Não se trata de justificar o preço do que nos estão a servir, mas de oferecer o instrumento certo para que a garrafa seja servida.

A conservação das garrafas é também crucial. O vinho deve ser sempre guardado num local fresco, de preferência com pouca luz. Apesar disto, existem locais que não cumprem esta máxima e mantêm as garrafas perto da prateleira da rua, expostas ao sol em alguma altura do dia, ou perto de fornos ou incêndios. O resultado pode ser uma garrafa em mau estado para o comensal.

Há uma máxima que nunca me falha: em qualquer restaurante que respeite o vinho, a comida é boa. Mal me lembro de um restaurante com uma boa carta de vinhos onde comi uma má refeição. Posso ter comido mais ou menos, mas nunca mal.

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